Pouca chuva prejudica produtividade, mas garante boa qualidade do trigo

Com a safra de trigo praticamente finalizada, produtores começam a fazer as contas se a safra do trigo foi positiva ou não. Isso depende de produtor para produtor, da produtividade, da qualidade e, também, dos investimentos que foram feitos.

Apesar de todas essas variáveis, o engenheiro agrônomo da Cooperativa Agropecuária São Lourenço (Caslo), Mateus Alberto Griss, afirma que a produtividade média da safra neste ano foi menor. Contudo, pondera que a qualidade alcançada – aferida pelo peso hectolítrico (PH) – foi melhor. Segundo ele, os dois fatores estão diretamente relacionados ao pouco volume de chuva durante o desenvolvimento da cultura.

Griss lembra que o plantio do trigo foi iniciado a partir de 15 de junho, com expectativa de colheita para 15 a 20 de novembro, entretanto, em toda a região a colheita foi antecipada de vido a falta de chuva. “Durante o desenvolvimento da cultura tivemos um volume médio de chuva de aproximadamente 50 mm, sendo que o ideal seria de 250 a 300 mm para o período”. De acordo com ele, isso influenciou, por exemplo, na aplicação de ureia, fungicidas e inseticidas. O resultado foi à queda na produtividade. Prova é que 2018 fechou com uma média de 45 a 50 sacos/hectar e 2019 ficou na casa dos 25 a 30 sacos/hectar.

De acordo com o engenheiro agrônomo da Caslo, a queda na produtividade foi, de certa forma, compensada pela qualidade do grão. “Em relação há 2018, tivemos uma qualidade média boa. Recebemos trigo com PH de 76 a 83 pontos. Ano passado o melhor não passou de 74 pontos”, compara.

Outros ganhos

Embora o produtor esperasse uma produtividade melhor, Griss sugere uma avaliação macro, de todo o ano safra. “Se analisarmos somente a safra de trigo, os números talvez não sejam tão bons, mas precisamos olhar para frente”, sugere explicando que esse cenário deu condições para que o plantio da soja fosse antecipado. Na prática, isso significa menor intensidade de ferrugem, maior produtividade e germinação uniforme da leguminosa.

Junto com isso, o engenheiro agrônomo defende que o plantio do trigo garante a manutenção da área. “É uma forma de o empresário rural manter a área limpa de plantas daninhas e as pragas e doenças controladas”. Fora isso, é uma alternativa de rotação de cultura entre leguminosa e gramínea.